sexta-feira, 8 de maio de 2015

Projeto em Belém ajuda mulheres a superarem dependência emocional



Em uma sala nas dependências do Colégio Josino Viana, esquina da travessa Pedro Miranda, no bairro da Pedreira, em Belém, cerca de 30 mulheres ocupam as cadeiras, onde compartilham alternadamente suas experiências amorosas frustradas.
‘Muitas mulheres chegam na reunião em frangalhos. Pegam os pedaços de seus corações, como pequenos caquinhos, e tentam através da terapia de grupo, conserta-los’, diz a psicanalista Graça Amorim, especialista em dependência emocional e  amores patológicos e coordenadora geral do MADA Pará – Mulheres que amam demais anônimas. 
Para entender melhor, as mulheres que procuram ajuda, geralmente sofrem de co-dependência emocional. Ou seja, dependem sempre de algo ou alguém, mesmo que essa reação traga sofrimento e dor. “Podem depender do marido, namorado, amante, amigos, trabalho e até de um animal de estimação. Elas sofrem por não terem forças para sair de um estado autodestrutivo. Muitas desenvolvem o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), ansiedade e depressão”, enumera Graça Amorim.
Uma das frequentadoras das reuniões que não quis ter seu nome revelado, relata que teve uma adolescência conturbada. 
A separação dos pais, a rejeição e a solidão, foi o estopim para a falta de autoestima. ‘Eu comecei a namorar um homem atrás do outro. Não gostava de ficar sozinha. E de alguma forma que não sei explicar, eu sempre estragava tudo. 
Bastava três meses de relacionamento para eu me transformar em uma megera. Tinha crises de ciúmes, perseguia, cobrava, xingava. Quando levei o primeiro tapa, eu poderia ter terminado o namoro, mas continuei. Então, vieram os tapas, puxões de cabelo e as humilhações. Quando ele quis ir embora, me ajoelhei implorando para que ele ficasse”,  lembra. 
‘Muitas mulheres sofrem de abusos psicológicos e até físicos de seus parceiros que em muitos casos são usuários de drogas e álcool. O Mada funciona como um tratamento paralelo para as mulheres que querem resgatar sua dignidade e encontrar o eixo de sua vida’ ressalta, a psicanalista.
 O Mada Pará, contabiliza cerca de 5 mil mulheres atendidas em  apenas 6 anos de trabalho. ‘Vemos isso como uma vitória. Mudar vidas é gratificante. Abraçamos essa causa por amor a essas mulheres que precisam sair do fundo do poço. 
Infelizmente não temos apoio de Governo, Prefeitura ou Ongs. Somos todas voluntárias. Muitas vezes tiramos dinheiro do nosso próprio bolso para dar continuidade a esse belo projeto’, desabafa Graça. 
Para quem deseja participar das reuniões do MADA, há uma necessidade de um pré- agendamento pelo telefone, onde as iniciantes pagarão uma taxa de manutenção de R$50 que dá direito a quatro sessões. ‘Antes, era totalmente gratuito.
Hoje, para não fecharmos as portas precisamos cobrar essa taxa que serve para cobrir os custos com o material de divulgação, combustível e telefone’, ressalta a presidente do Mada.  


Serviço: 

Mada – Mulheres que Amam demais Anônimas. Agendamento pelos telefones: (91) 3087-6538/3233-7822