segunda-feira, 16 de junho de 2008

Até breve Maria


                                                                          
Por ironia do destino, eu , que tanto me preocupava com o sofrimento das mães, com a dor de perder alguém que amo, nessa sexta-feira 13 não foi diferente.
Depois daquela ligação, meu coração se partiu em dois , primeiro pela notícia que minha avó estava partindo, e segundo porque sabia que minha mãe estaria inconsolável.
A dor que naquele dia senti, abateu minha alma profundamente.
Vovó era chamada de D.Maria, ela era nossa Lurdinha, Malu, Maria de Lurdes- ela era muito amada por todos nós. E ela sabia disso. Sempre soube.
Mulher forte, sábia, generosa, bondosa, vovó sempre tinha algo de bom pra nos falar, sempre nos colocava pra cima... Sempre dizia nas dificuldades “ Deus proverá” foi em sua casa, que morei uma boa parte de minha infância, onde nós, netos, primos e tios passamos momentos felizes.
Ah! Vovó, como era gostoso aquele abraço, aquele beijo. Aqueles braços fofinhos, tão macios e era tão gostoso de agarrar.
Ah! Quanta saudade você nos deixou.
Jamais esquecei você. Um exemplo de caráter, de educação rígida ,(lembrei da palmatória) que destes aos teus filhos, e que valeu a pena.
Deus foi tão misericordioso e bondoso conosco, que proporcionou a ela uma morte sem dor, sem sofrimento.. Partiu como se estivesse num sono profundo, calmo, e sereno.
E naquela linda tarde ensolarada de sábado, onde pássaros cantavam, me despedi de ti, mas não foi pra sempre.
Se hoje choro, é de saudade, é o momento egoísta do ser humano de não aceitar a perda. De querer pra sempre a pessoa a quem ama do lado.
Contudo a vida segue... E só o tempo irá curar essa dor.
Depois que a dor passar, nosso coração se encherá de uma saudade gostosa, em saber que passastes por essa vida, deixando o amor gravado a ferro e fogo em nossos corações.
Até breve Maria...


“De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente, não mais que de repente.”

Soneto de separação (Vinícius de Moraes)



quinta-feira, 5 de junho de 2008

Quando chega a hora


             
                                                                       

Apesar do dia ter amanhecido lindo como de costume, uma dor invadiu o coração.
As mães deveriam morrer antes dos filhos, deste modo: Nós retribuiríamos da melhor forma todo amor e dedicação que elas nos doaram , cuidaríamos delas com todo amor e quando estivessem bem velhinhas,partiriam num sono profundo e indolor.
Digo isto porque , não há nada mais doloroso do que uma mãe que perde um filho.
Ás vezes tento evitar a dor, tentando o distanciamento de tudo, pois toda proximidade causa laços profundos e me sinto extremamente vulnerável a dor. Nem imagino perder de alguém muito querido ou alguém que eu ame de verdade.
Hoje pela manhã vi a aflição de minha mãe, ao saber que a filha de sua amiga havia falecido. É imensurável a dor que atingiu o coração daquela pobre mãe naquele momento.
É doloroso demais pra mim, imaginar minha mãe perdendo um de seus filhos, então, coloco esses pensamentos nas mãos de Deus, que Ele nos fortaleça sempre nesses momentos de dor. Pois Ele também sofreu em ver seu filho sendo torturado e morto inocentemente.
Não temos como fugir da morte. O relógio nunca pára, o tempo passa e ela se aproxima. Assim como o amor, a morte é imprevisível e inevitável.
Talvez hoje seja nosso último dia , o dia em que o anjo da morte nos levará pelas mãos, sem nos dar uma segunda chance. Não teremos tempo de consertar nossa vida, de pedirmos perdão a quem ferimos, de ser gratos, de dizer “ eu te amo” a nossos pais, de dar um abraço gostoso em nossos irmãos e amigos...
Nós traçamos planos para o futuro, nos preocupamos com tantas coisas... somos materialistas , mesquinhos e egoístas.
Não percebemos o valor de se estar vivo e de ajudar o próximo.
Você está preparado pra partir?
Como disse Clarice Lispector : " A vida não é de se brincar, porque um belo dia se morre. "